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Um pedinte de 50 anos

Nunca imaginei que chegaria aos 50 como pedinte.


Certo que também não alcancei alguns desejos ousados da adolescência cheia que é de pensamentos mágicos, como liberdade financeira ou saúde perfeita.


Ao receber as congratulações de praxe, reparei nos votos de “muitas realizações na sua vida”. Sei não. Nessa altura umas poucas mais já tá bom. Esse troço dá muito trabalho. Querer é poder, mas nem sempre.


Tive de fazer as pazes com minhas diversas limitações, sendo elas de capacidade, temperamento ou saúde.


E grana. Não que me faltem recursos para o iogurte da “crianças” aqui de casa, pelo contrário, mas quando entre as realizações que buscamos está a transformação do aprendizado de centenas (duas atualmente) ou milhares (no futuro) de crianças e jovens, a grana é muito insuficiente.


Outra insuficiência são os braços! Tenho mais demanda de lugares que querem o Edukhan do que conseguimos atender. Tanto dinheiro como braços (que o ouro também encontra) ajudariam. O apoio a um estudante em território periferico custa uns cem reais por mês.


Temos facilmente mais de cinquenta crianças nos esperando, só na comunidade Estrutural, para que possam aprender a ler e escrever (direito) e a fazer contas. “Tia, se fosse depender da escola ficaríamos só brincando de massinha” foi o que ouvimos mês passado. Sendo justo, bem sei que acabam aprendendo a ler, o problema vem depois.


Por essas e outras chego aqui como pedinte. No segundo ano do Edukhan, finalmente começamos a medir o ganho acadêmico. Em breve teremos os dados para confirmar o crescimento que já sentimos na turminha. Como aprendem rápido! E que dor que a escola não lhes estica o potencial.


Já aviso, portanto, que ainda não tenho as medições que demonstram esses ganhos, só histórias (@_Edukhan no insta para algumas delas - segue lá). Por exemplo, temos duas meninas que foram pra segunda fase na olimpíada de matemática. Elas nem sabiam que podiam gostar de números.


Pix: 50.615.676/0001-68


As imagens são de nossa fronteira mais recente. O Vitor trabalha na indústria farmacêutica, na parte de medicamentos oncológicos. Ele quis começar o Edukhan para crianças de outras cidades em tratamento em São Paulo e que ficam meses fora da escola (eu nem sabia dessa realidade). Estive lá há pouco tempo. Emocionante.




 
 
 

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